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Este ano a COP29 foi considerada a "COP do financiamento" pelo foco dado às questões de financiamento climático

De 11 a 22 de novembro ocorreu a 29ª edição da Conferência das Partes, em Baku, no Azerbaijão. Trata-se de uma reunião anual da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), com o objetivo de debater medidas para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, encontrar soluções para problemas ambientais e negociar acordos. A doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Carine Josiéle Wendland, participou das atividades.

Participaram da conferência 193 países da ONU e cinco territórios. Este ano a COP29 foi considerada a "COP do financiamento" pelo foco dado às questões de financiamento climático. “O principal objetivo foi estabelecer um novo marco financeiro para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, principalmente no financiamento necessário para que países em desenvolvimento possam mitigar e se adaptar aos impactos climáticos. A meta anterior de US$ 100 bilhões anuais, prometida pelos países desenvolvidos para como os em desenvolvimento e afetados climáticos pelas ações dos países ricos, deveria ser substituída pelo Nova Meta Coletiva Quantificada. A meta dos 100 bilhões pode ter sido cumprida em 2022, ou pode ser que nunca se tenha chegado a ela, conforme texto final da COP”, diz Carine que participou da segunda COP como delegada da Federação Luterana Mundial (FLM). 

Segundo ela, esta COP “do financiamento”, até o último dia, ainda não tinha nenhum acordo ou número estipulado. “Todos os dias tinham manifestações do lado de dentro exigindo um financiamento justo por “Trillions, not billions” trilhões e não bilhões, já que é necessário 1,3 trilhão por ano para que se chegasse entre 5,1 e 6,8 trilhões – o necessário para os países em desenvolvimento se adaptarem à emergência climática. Mesmo o texto final reconhecendo isso, como resultado da COP temos então uma nova meta que prevê um aumento gradual nos fluxos financeiros globais destinados à mitigação e à adaptação climática, não de US$ 1,3 trilhão, mas US$ 300 bilhões anuais até 2035. Ainda permanecem as lacunas em relação à clareza sobre fontes e mecanismos de financiamento, bem como na garantia de apoio efetivo a comunidades vulneráveis já afetadas pela emergência climática.”

A doutoranda ainda enfatiza que há grande possibilidade de que este seja o primeiro ano que passaremos do 1,5ºC e que os eventos extremos da emergência climática nos mostram que algo precisa ser feito. Vivemos situações extremas no Brasil: 183 pessoas perderam a vida e outras 27 pessoas seguem desaparecidas no Rio Grande do Sul, o maior número de mobilidade climática na história recente do Brasil, quase 95% das cidades do Rio Grande do Sul, afetadas pelas enchentes, 630 mil pessoas perderam suas casas, 8 mil indígenas foram afetados, com 70% dos territórios indígenas atingidos. 

Por outro lado, a seca mais extensa que afetou 55% do território brasileiro, 11 milhões de hectares foram queimados entre janeiro e agosto deste ano, de todas as queimadas da América do Sul, 71,9% estão no Brasil, além da Amazônia foram atingidos os biomas do Cerrado e da Mata Atlântica e quase todo o país coberto de fumaça, assim como partes de outros países sul-americanos.

“Perdas e danos econômicos foram rapidamente contabilizados, são enormes e estão em toda a mídia, e as perdas e danos não econômicos que não podem ser reparados? Quantas  mortes das mais diversas formas de vida, os animais, foram contabilizadas como danos econômicos. Um território é também território de uma cultura, quando esse território se perde, também a cultura e a língua são afetadas. Quando todo o país virou fumaça, aprendemos que as cidades já estão suficientemente cinzentas e que precisamos de uma consciência coletiva de cuidado, quando o que temos é um inconsciente coletivo de destruição e de somos mais que a natureza, quando na verdade somos natureza”, reflete.

Dentro disso, Carine aponta que as alterações climáticas afetam desproporcionalmente os meios de subsistência dos mais pobres e mais vulneráveis ​​em todo o mundo, especialmente daqueles que muitas vezes enfrentam várias formas de discriminação e marginalização, como as mulheres que vivem na pobreza, os jovens, as crianças, as pessoas com deficiência e os povos indígenas. “As alterações climáticas são uma questão de justiça. E, que a COP30 seja uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre emergência climática e sustentabilidade global, depois da Rio92 ou Cúpula da Terra, porque sabemos que a maioria dos países do Sul Global sofre muito com as mudanças climáticas, mas também somos espaço de soluções. Que sejamos uma solução! E, assim como o Brasil que é o maior em biodiversidade do planeta, também seja na COP30, o maior em mudanças.”

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Este ano a COP29 foi considerada a "COP do financiamento" pelo foco dado às questões de financiamento climático

De 11 a 22 de novembro ocorreu a 29ª edição da Conferência das Partes, em Baku, no Azerbaijão. Trata-se de uma reunião anual da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), com o objetivo de debater medidas para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, encontrar soluções para problemas ambientais e negociar acordos. A doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Carine Josiéle Wendland, participou das atividades.

Participaram da conferência 193 países da ONU e cinco territórios. Este ano a COP29 foi considerada a "COP do financiamento" pelo foco dado às questões de financiamento climático. “O principal objetivo foi estabelecer um novo marco financeiro para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, principalmente no financiamento necessário para que países em desenvolvimento possam mitigar e se adaptar aos impactos climáticos. A meta anterior de US$ 100 bilhões anuais, prometida pelos países desenvolvidos para como os em desenvolvimento e afetados climáticos pelas ações dos países ricos, deveria ser substituída pelo Nova Meta Coletiva Quantificada. A meta dos 100 bilhões pode ter sido cumprida em 2022, ou pode ser que nunca se tenha chegado a ela, conforme texto final da COP”, diz Carine que participou da segunda COP como delegada da Federação Luterana Mundial (FLM). 

Segundo ela, esta COP “do financiamento”, até o último dia, ainda não tinha nenhum acordo ou número estipulado. “Todos os dias tinham manifestações do lado de dentro exigindo um financiamento justo por “Trillions, not billions” trilhões e não bilhões, já que é necessário 1,3 trilhão por ano para que se chegasse entre 5,1 e 6,8 trilhões – o necessário para os países em desenvolvimento se adaptarem à emergência climática. Mesmo o texto final reconhecendo isso, como resultado da COP temos então uma nova meta que prevê um aumento gradual nos fluxos financeiros globais destinados à mitigação e à adaptação climática, não de US$ 1,3 trilhão, mas US$ 300 bilhões anuais até 2035. Ainda permanecem as lacunas em relação à clareza sobre fontes e mecanismos de financiamento, bem como na garantia de apoio efetivo a comunidades vulneráveis já afetadas pela emergência climática.”

A doutoranda ainda enfatiza que há grande possibilidade de que este seja o primeiro ano que passaremos do 1,5ºC e que os eventos extremos da emergência climática nos mostram que algo precisa ser feito. Vivemos situações extremas no Brasil: 183 pessoas perderam a vida e outras 27 pessoas seguem desaparecidas no Rio Grande do Sul, o maior número de mobilidade climática na história recente do Brasil, quase 95% das cidades do Rio Grande do Sul, afetadas pelas enchentes, 630 mil pessoas perderam suas casas, 8 mil indígenas foram afetados, com 70% dos territórios indígenas atingidos. 

Por outro lado, a seca mais extensa que afetou 55% do território brasileiro, 11 milhões de hectares foram queimados entre janeiro e agosto deste ano, de todas as queimadas da América do Sul, 71,9% estão no Brasil, além da Amazônia foram atingidos os biomas do Cerrado e da Mata Atlântica e quase todo o país coberto de fumaça, assim como partes de outros países sul-americanos.

“Perdas e danos econômicos foram rapidamente contabilizados, são enormes e estão em toda a mídia, e as perdas e danos não econômicos que não podem ser reparados? Quantas  mortes das mais diversas formas de vida, os animais, foram contabilizadas como danos econômicos. Um território é também território de uma cultura, quando esse território se perde, também a cultura e a língua são afetadas. Quando todo o país virou fumaça, aprendemos que as cidades já estão suficientemente cinzentas e que precisamos de uma consciência coletiva de cuidado, quando o que temos é um inconsciente coletivo de destruição e de somos mais que a natureza, quando na verdade somos natureza”, reflete.

Dentro disso, Carine aponta que as alterações climáticas afetam desproporcionalmente os meios de subsistência dos mais pobres e mais vulneráveis ​​em todo o mundo, especialmente daqueles que muitas vezes enfrentam várias formas de discriminação e marginalização, como as mulheres que vivem na pobreza, os jovens, as crianças, as pessoas com deficiência e os povos indígenas. “As alterações climáticas são uma questão de justiça. E, que a COP30 seja uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre emergência climática e sustentabilidade global, depois da Rio92 ou Cúpula da Terra, porque sabemos que a maioria dos países do Sul Global sofre muito com as mudanças climáticas, mas também somos espaço de soluções. Que sejamos uma solução! E, assim como o Brasil que é o maior em biodiversidade do planeta, também seja na COP30, o maior em mudanças.”

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